24 setembro, 2011

Review: Galaxy Tab 10.1 com Android 3.1 Honeycomb

Assim como a maioria dos gadgets, a chegada dos tablets com o Android Honeycomb no Brasil demorou um pouco. Mas eles chegaram pelas mãos de diversas fabricantes que escolheram não só vendê-los por aqui como fabricá-los também, como a Motorola e seu Xoom, o primeiro com o sistema no mercado. A Samsung trouxe no mês passado o Galaxy Tab 10.1 que ficou por um tempo exclusivo pela Vivo mas agora está sendo vendido em diversas operadoras e lojas de varejo.


Esse modelo de tablet é, salvo engano, o primeiro a vir com a atualização 3.1 para o Honeycomb, o que traz diversas melhorias em relação à anterior. Ele também oferece um bom conjunto de hardware, que inclui um processador NVidia Tegra 2 dual-core com 1 GHz de clock. O modelo que testei vem com suporte a 3G e 16 GB de armazenamento. Leia adiante para saber o que achei.
Design
A Samsung decidiu usar uma traseira de plástico no Tab 10.1, o que ao mesmo tempo garantiu uma boa empunhadura (ao menos um pouco melhor do que se a traseira fosse feita de um alumínio escovado e escorregadio) mas em contrapartida pareceu bastante barato. E o Galaxy Tab 10.1 está um pouco longe do preço considerado barato no Brasil.

O resto do design segue a mesma receita de bolo de sempre, com algumas modificações em relação ao primeiro tablet de 7 polegadas que a Samsung fabricou. Nas laterais estão os dois alto-falantes, na parte superior é onde ficam o botão de ligar/desligar a tela, o encaixe para o fone de ouvido, o slot para cartão SIM e o regulador de volume e na parte de baixo estão o conector para o cabo USB e o microfone.

Como um todo, achei ele bem fino e fácil de segurar, ainda que somente com uma mão. A tela é de Gorila Glass e consegue ser também um imã de impressões digitais, como todo bom tablet por sinal. Acho, no entanto, que um pouco mais de esforço poderia ter sido aplicado no aspecto de refletividade da tela, que é bastante alto.

Interface e navegação

No seu tablet a Samsung implementou a TouchWiz UX, interface personalizada para o Honeycomb que traz algumas melhorias para o sistema. Fora isso, a já conhecida interface do Honeycomb não recebeu muitas alterações com a atualização para 3.1: a organização dos ícones e widgets em geral é bem dividida entre 5 telas. Uma delas, a terceira, é a que contém o maior número de aplicativos, a maioria deles crapware, que cito mais adiante. Ainda assim, as telas são ocupadas por widgets até bem úteis, como previsão do tempo, calendário e relógio.
Seletor de Widgets na interface TouchWiz UX | Clique para ampliar
Seletor de Widgets na interface TouchWiz UX | Clique para ampliar
Junto da barra obrigatória com os botões usuais do Honeycomb a Samsung também incluiu o chamado Mini Apps Tray, que funciona mais ou menos como o dock do Mac OS. A seta no meio da barra oferece acesso rápido a seis aplicativos, entre eles o gerenciador de tarefas (bem útil se você quiser matar um processo que está comendo processamento demais), um aplicativo para tomar notas e rabiscar e o player de música. Nessa mesma barra também está o botão de screenshot, que é uma adição interessante mas não é algo que o usuário comum vai se importar.

Teclado Samsung: vem com emoticons!
Nesse Galaxy Tab estão incluídos três opções de entrada de teclado: o teclado Samsung, o teclado padrão do Android e o Swype. Durante a navegação e no tablet em geral achei bem mais prático usar o teclado Samsung, já que acho o Swype para a tela de 10.1 polegadas um exagero e o teclado padrão do Android não suporta entrada em português, ou seja, não há a opção de usar acentos. Também existe a opção de entrada por voz e a previsão de palavras XT9, mas como o reconhecimento não é muito preciso e o teclado é grande o bastante, desativei os dois.

Flash video toca bem no navegador | Clique para ampliar
O Android 3.1 é um dos sistemas que está incluído no suporte ao Adobe Flash, então naturalmente testei o plugin no navegador. Estranhamente, mesmo com ele instalado, precisei ir nas configurações do navegador para ativar o suporte a plugins antes que ele funcionasse. Mas feito isso, consegui navegar em sites com Flash sem muitos problemas. Não notei nenhuma lentidão ao navegar nos sites em Flash, aliás. Mas percebi que o tablet ficou um pouco mais quente do que o normal. Como não costumo tirar a temperatura de gadgets, vou chutar que foi só uma impressão.

Aplicativos embutidos

Sabe aquela mania que fabricantes de computadores têm de colocar o chamado crapware nos dispositivos direto na fábrica? Então. Essa mania migrou com sucesso para o campo dos tablets. Aqui no Brasil a Samsung decidiu vender o Galaxy Tab 10.1 com uma leva de programas pré-instalados, que podem ser até úteis para alguns usuários mas para mim não fazem nada além de ocupar espaço. Ainda assim, me sinto na obrigação de falar deles.

Crapware: everywhere! | Clique para ampliar
Os aplicativos presentes são, em sua maioria, atalhos ou frames para o site de revistas, como no caso da Veja, SuperInteressante, Exame e Casa Cláudia. Mas também há um aplicativo da NetMovies (que não pude testar por não ter uma conta no serviço), o já famigerado Samsung Apps que serve para baixar aplicativos que talvez você não encontre no Android Market e só funciona com um SIM card inserido e o aplicativo da Folha de São Paulo, que parece ser o único realmente otimizado para o tablet. O que não quer dizer que não existam arestas a serem aparadas.

Polaris é para quem quer levar o escritório no tablet | Clique para ampliar
Mas não temos só crapware embutido no Galaxy Tab, felizmente. Há também uma suíte de aplicativos chamada Polaris Office que permite editar, criar e salvar arquivos no formato Excel, Word ou PowerPoint, um leitor de QR codes embutido e até dois leitores de livros digitais diferentes. Há também uma versão do Need For Speed SHIFT que pode ser jogado por 10 minutos antes de ser comprado ou não.

Conectividade e acessórios

A unidade para testes que a Samsung enviou pertencia à Vivo, mas ela estava desbloqueada. Ou ao menos foi o que imaginei, já que depois dos primeiros dias de teste o tablet se fechou como um tatu enrolando na própria casca. Ainda assim, antes do bloqueio, consegui testar a conectividade 3G tempo o bastante para saber que o sinal é constante e os dados são rápidos, assim como num celular com plano de dados. E também há a possibilidade de transformar o tablet em um roteador WiFi, o que já era esperado da linha Galaxy.

Felizmente ele também tem WiFi e foi por isso que consegui continuar acessando a internet sem problemas. Testei também o Bluetooth conectando um teclado externo e funcionou rápido e sem muitas complicações. O comportamento rápido se repetiu com o sinal de GPS que, mesmo com o WiFi desligado, conseguiu capturar as coordenadas do local onde eu estava bem rápido e de forma bem precisa.
Para conexão com o computador, assim como todos os gadgets Android da Samsung, é necessário ter o programa Kies instalado. Ele é a opção fácil para quem quer sincronizar arquivos de mídia com o tablet, embora seu uso não seja estritamente necessário: basta plugar o tablet na porta USB mais próxima que ele deve aparecer como um disco removível.

Usei ambos os métodos para transferir arquivos de mídia para dentro e para fora do tablet e não notei nenhuma diferença de velocidade. Como o Kies está funcionando redondo no Windows 7, por enquanto ao menos, deixei ele como o padrão. Um detalhe que não posso deixar passar: o ícone do tablet no Kies é um smartphone. Ops.

Além do cabo USB e do carregador de tomada, O Galaxy Tab 10.1 não vem com nenhum outro acessório na caixa. A Samsung já lançou lá fora um adaptador para saída HDMI, um teclado físico e uma capa protetora para o tablet, dentre outros, mas ainda não vimos nem cor desses itens aqui no Brasil. O tablet também não vem com fones de ouvido na caixa, mas continuando a ler você vai saber por que ele realmente não precisa de um.

Multimídia

Com uma tela desse tamanho, é natural que as capacidades multimídia do Galaxy Tab 10.1 sejam vastas. E a Samsung deixou claro que isso é um dos pontos fortes do tablet: o suporte a vídeos e música dele é amplo e vai além do que o Android oferece por padrão. Você pode, por exemplo, colocar no tablet arquivos de vídeo terminados em .avi e completamente legítimos e não relacionados nenhuma série de TV americana, se quiser.

Vídeo nem um pouco contra a lei | Clique para ampliar
Dependendo da memória ocupada durante a execução do player de vídeo, eles vão ser tocados sem muitas travadas perceptíveis. Ao tentar tocar um arquivo em alta definição, no entanto, o player acabou não se mostrado forte o bastante para aquele tamanho todo e engasgou diversas vezes.
Em termos de música, o suporte de codecs é o mesmo que a Samsung já oferece nas demais linhas Galaxy: ele entende e toca arquivos mp3, m4a (sem DRM), wav e diversos outros. Ainda há aquela persistente falha de interpretação das ID3 tags dos arquivos e que, parece, a Samsung não planeja resolver em um futuro próximo. E para facilitar o acesso ao aplicativo, existem vários atalhos para tocar a música, seja no tray, na barra de notificações ou ainda pelo atalho dedicado numa das páginas iniciais.

E falando em áudio, o som do Galaxy Tab é excepcional. A Samsung fez um bom trabalho com os alto-falantes dele, tornando quase que desnecessário o uso de fones de ouvido. O efeitoSurround Sound 5.1 é um dos fatores que deixa a qualidade de áudio do tablet lá em cima, embora o uso de fones de ouvido sejam quase que obrigatórios na hora de conversas por vídeo chamadas.

Câmeras

Eu sou um fiel defensor da teoria de que, não importa qual tablet ou sistema, uma pessoa que tentar tirar uma foto com a câmera dele corre o risco de parecer ridícula. Afinal de contas, você está segurando uma prancheta e tirando fotos com ela – não é exatamente algo natural de se ver.

Ainda assim, passado esse medo inicial, quem capturar imagens com o Galaxy Tab 10.1 corre o risco de ficar decepcionado com a qualidade. Ela é boa o bastante para compartilhar na web, apesar da câmera ter apenas 3,2 megapixels, mas um zoom na imagem revela a pixelização. Mas quem compra um tablet apenas por causa da câmera?

Abaixo estão alguns exemplos de fotos capturadas com o Galaxy Tab 10.1. A primeira foi tirada ao entardecer e luz apenas interna, a segunda e terceira foram tiradas de manhã e com luz natural e a quarta foi tirada com o flash de LED e sem luz externa.

Para vídeos o Galaxy Tab também não pecou muito mas também não fez nada excepcional. O sensor suporta a gravação de eles em até 1080p com 30 frames por segundo, mas a imagem ainda fica bastante pixelada nesse formato. Se for gravar vídeos, atenha-se aos tamanhos medianas se quiser uma qualidade melhor. O flash de LED ajuda bastante em situações com pouca luminosidade, mas não foi o suficiente para deixar a imagem nítida o bastante no caso de gravações em 1080p.

Bateria

Por ter uma tela de 10,1 polegadas e um processador Tegra 2 dual-core, você espera que o Galaxy Tab tenha uma vida de bateria igual à dos demais tablets: uma que deixe bastante a desejar. Mas o caso aqui foi diferente. A bateria superou minhas expectativas, que eram de passar 4 horas com o tablet ligado direto na rede 3G e WiFi e precisar correr para encontrar uma tomada depois disso.

Com uso moderado de 3G + WiFi, playback de alguns vídeos no YouTube esporadicamente, envio e recebimento de e-mails e acesso ao Twitter constantemente e com a tela em 50% de brilho, a bateria durou por volta de 7 horas e 20 minutos. Quando o uso foi mais intenso, com playback de vídeo constante, acesso via WiFi para navegação e com a tela em 100% do brilho, a duração da bateria caiu para 5 horas e 30 minutos.

Sua autonomia é boa graças à capacidade de 7000 mAh da bateria que está incluída no tablet. Mas essa é uma faca de dois gumes: não só ela demora para descarregar como também demora para carregar. Foram necessárias 4 horas na tomada para que toda a carga fosse recuperada, partindo do zero. Então aquela atitude de deixar o celular conectado durante a noite vai ter que ser imitada aqui também. E ele não carrega via USB.

Embutido no Galaxy Tab está um modo de economia de energia que passa a diminuir a conectividade do tablet e o brilho na tela assim que ele percebe que a bateria está fraca. Mas ao invés de poder regular quando essa economia é ativada, o padrão é sempre quando o nível da bateria atinge 50%. E eu não considero 50% de bateria um nível crítico.

Especificações técnicas

  • Tela de 10.1 polegadas com resolução de 1280 x 800 pixels;
  • Processador Nvidia Tegra 2 dual-core com 1 GHz de clock;
  • 1 GB de memória RAM;
  • Capacidade de armazenamento 16 / 32 GB;
  • Modelos com WiFi e WiFi + 3G;
  • Câmera frontal de 2 MP e traseira de 3,2 MP;
  • Sistema Android 3.1 Honeycomb;
  • Bateria de 7000 mAh;
  • 565 gramas

Pontos positivos

  • Câmera frontal de alta qualidade;
  • Ótima qualidade de som;
  • Bateria de boa duração.

Pontos negativos

  • Tela bastante reflexiva;
  • Câmera traseira com pouca qualidade para fotos;
  • Bateria que demora para carregar.

Galeria de Fotos:





Conclusão

Não há nada que se diferencie muito no Galaxy Tab 10.1. Ele vem com as funcionalidades que já esperamos do Android Honeycomb mas não oferece um diferencial que o destaca dos demais tablets. Ele tem boas capacidades multimídia, tem uma boa câmera frontal para videoconferências e sua tela e bateria são boas o bastante para navegar e ler livros digitais sem precisar mantê-lo ligado na tomada o dia todo. Mas a forma como ele executa algumas dessas tarefas é aquém do esperado para as especificações que ele tem.

Galaxy Tab 10.1 com 16 GB de armazenamento e 3G é vendido no Brasil por R$ 1.999,00 e ele simplesmente não justifica todos esses quatro dígitos antes da vírgula. Ainda mais quando há um Acer Iconia 500 à venda por R$ 1,5 mil e um ASUS Transformer, disponível por R$ 1,9 mil. Os dois têm relativamente as mesmas especificações do Galaxy Tab e o preço do Transformer ainda inclui um teclado físico. O único porém desses dois tablets citados é que eles não têm conexão 3G, então o Galaxy Tab sai na frente. E se esse é o diferencial que você espera de um tablet com Android, a versão de 10,1 polegadas desse tablet é uma boa escolha.

Em suma: só compre se não puder esperar a desoneração dos tablets ser aplicada. Ela acabou de ser aprovada pelo Senado e pode fazer o preço de tablets no Brasil receberem um descontinho amigável.